A VIRTUDE DA PACIÊNCIA

“Pois tudo quando, outrora, foi escrito para o nosso ensino foi escrito, a fim de que, pela paciência e pela consolação das Escrituras, tenhamos esperança” (Rm 15:4)

O Apóstolo Paulo escreveu o versículo em epígrafe quando tratava da necessidade de imitar a Cristo nos relacionamentos fraternos da igreja. Ele estava ensinando aos crentes de Roma sobre o altruísmo que deveriam desenvolver os irmãos “fortes” (maduros) para com os “fracos” (legalistas e exageradamente escrupulosos). Diante do sofrimento causado pelos conflitos interpessoais, Paulo insistia que “o Deus da paciência e da consolação vos conceda o mesmo sentir de uns para com os outros, segundo Cristo Jesus, para que concordemente e a uma voz glorifiquemos ao Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo” (Rm 15:5-6).

Podemos partir, deste contexto específico, para pensar de maneira mais abrangente sobre a necessidade de paciência em momentos de sofrimento causados por outros fatores. A situação de uma igreja local, do primeiro século, serve de referência para refletirmos sobre a virtude da paciência em desafios atuais como o da pandemia de Covid-19 que, lamentavelmente, depois de um ano, encontra-se em seu estágio mais crítico em nosso país. Mas, o que é paciência? Por que a consideramos uma virtude? Como praticá-la?

Paciência (hupomone, em grego) não significa aguentar passivamente, como popularmente se diz da pessoa que tem “a paciência de Jó”. Também, não é tolerar a aflição por medo ou preguiça de agir. Paciência é sinônimo de perseverança. Paciência, para o Novo Testamento, é a característica da pessoa que não se desvia de seu propósito e de sua lealdade à fé e à piedade, mesmo diante das maiores provações e sofrimentos (Augustus Strong). Paciência é a capacidade de transformar sofrimento em glória(William Barclay). Por tudo isso, devemos definir paciência como uma virtude. Por ser virtude, representa uma qualidade interna do caráter recebida de Deus, mas que se desenvolve em uma determinada postura: perseverar diante da adversidade. Existe uma relação intrínseca entre paciência e perseverança: o paciente persevera; a perseverança é o caminho para a paciência.

            A paciência tem sua origem no “Deus da paciência e da consolação” (v.5), o “Deus da esperança” (v.13), que enche o crente de alegria e paz. Recebemos esta virtude pela presença e o poder do Espírito Santo, bem como pelo ensino bíblico. A esperança é alcançada “pela paciência e pela consolação das Escrituras” (v.4). O escritor cristão estadunidense Jack Hartman, em seu livro “Pairando sobre os problemas da vida”, observa: “A Palavra de Deus nos dá muitos exemplos da perseverança de Jesus Cristo; Sua paciência está viva nos crentes cheios do Espírito Santo. Quando se acaba nossa humana paciência, está disponível a nós Sua sobrenatural perseverança, se fazemos o máximo ao nosso alcance e então deixamos e confiamos a Ele o prosseguir”.

Para desenvolvermos a paciência em meio ao sofrimento, devemos continuar crendo e crescendo na fé, seguros de que as bênçãos da salvação, prometidas por Deus em Cristo, não estão sob ameaça alguma. O mergulho mais profundo no estudo da Palavra (“escrita para o nosso ensino”) e uma vida mais intensa de oração torna-se, assim, o caminho da paciência. Até mesmo quando não sentir a mínima disposição para ler a Bíblia ou orar, continue crendo e pedindo a Deus que seja breve o retorno à oração e ao estudo. E, quando o sofrimento for mais intenso, creia mais intensamente. Resistamos firmes no dia da angústia e, assim, receberemos, mais abundantemente, a virtude da paciência.

Pr. Petrônio Borges Jr.

Ministro de Formação Cristã
Primeira Igreja Batista em Divinópolis-MG