CARNAVAL: POR QUE “NÃO”.
O carnaval é, originalmente, uma festa religiosa que uniu-se a influências culturais profanas e é celebrado como a maior festa “popular” do planeta. O poder público e a imprensa procuram resgatar tradições, geralmente ligadas a raízes étnicas e defendem o evento como instrumento de inclusão social. Lamentavelmente, argumentos aparentemente louváveis mascaram interesses econômicos e eleitoreiros. Então, por que não participar? Por que não valorizar a “cultura” que é patrimônio do povo? Qual deve ser, então, a nossa atitude? Reflitamos em torno de duas razões que justificam a postura do cristão diante do carnaval.
Pelo significado religioso contrário ao ensino bíblico. A origem do ensino católico sobre esta festa é contrária à doutrina bíblica. O Carnaval abre o período conhecido como quaresma, período de quarenta dias de jejum (abstinência de carne) e penitência anteriores à páscoa, um sinal de humilhação e busca de perdão diante de Deus. Na quarta-feira de cinzas o católico recebe um sinal de cruz feito com cinzas (dos ramos da páscoa anterior) e “abandona a carne”. Carnaval vem do latim carnelevarium, que significa abandonar a carne. A Bíblia, no entanto, nos ensina que nenhum ritual ou sacrifício é capaz de alcançar a graça divina. A morte de Jesus é suficiente e nos transmite graça através da fé. Além disso, Deus espera uma atitude de contrição interior diante do pecado, da carne, e não rituais e oblações exteriores. “O sacrifício aceitável a Deus é o espírito quebrantado; ao coração quebrantado e contrito não desprezarás, ó Deus” (Salmos 51:17).
Pela ênfase cultural no vício e na prostituição. Dentro da visão bíblica, após o pecado, rebeldia e desobediência contra Deus, toda vida humana foi afetada pelo mal. Afirmamos, pela fé, a existência da “graça comum” de Deus nas manifestações culturais. Porém, mesmo com sua beleza e valor estético, cremos que a cultura pode ser um instrumento do mal, pode representar engano, ilusão, uma miragem do céu em pleno inferno. Por trás do Carnaval, tal qual estampa-se na tela ou na primeira página, está o tráfico internacional de drogas, o turismo sexual, a apologia ao homossexualismo, a exaltação da sensualidade como justificativa para a prostituição e o adultério. A imprensa camufla tudo isso com campanhas contra a AIDS, coleta de alimentos ou doação de sangue, destaque ao comércio ambulante etc. O som do trio elétrico ou da bateria, o embalo das marchinhas, a nudez dos artistas, o discurso de reparação racial e o efeito das drogas abafam os gritos das almas que correm para a perdição.
A etimologia hebraica do termo “inferno” (lymne tu pyrós) deve ser lembrada: segundo a tradição judaica, os reis Acaz e Manassés sacrificaram seus próprios filhos e promoveram este tipo de idolatria a Moloque. Durante o ritual, instrumentos musicais eram tocados para abafar os gritos das crianças. Hoje, os meios de comunicação e a arte podem servir para esconder a verdadeira realidade. Estas duas justificativas, dentre outras, não devem levar a igreja a ignorar ou fugir dela. Pelo contrário, assumimos o compromisso de orar por familiares e amigos envolvidos, levantamos a voz profética para denunciar o abandono do temor a Deus e alertamos sobre suas consequências eternas.
Pr. Petrônio Almeida Borges Júnior