A estabilidade é uma condição buscada em várias áreas da vida. Trabalhadores encontram amparo nas leis e esforçam-se por conquistar uma carreira estável. Famílias sofrem com a inflação que corrói a renda e se reinventam para manterem a almejada estabilidade financeira. Mas, na vida cristã, o que pode garantir a estabilidade espiritual diante de problemas e circunstâncias, de desajustes emocionais e conflitos, das tentações e do pecado? A Bíblia responde com a afirmação de que o mesmo Deus da Salvação é o Deus da Santificação, ou seja, a estabilidade na vida espiritual é uma obra de Deus do início ao fim.
Escrevendo sua segunda epístola aos coríntios, o apóstolo Paulo afirmou: “Mas aquele que nos confirma convosco em Cristo e nos ungiu é Deus” (2Co 1:21). Enquanto defendia sua integridade diante de críticas, aproveitou a situação para afirmar que Deus mesmo o fazia permanecer firme e garantia o seu futuro no ministério. Este ensino pode ser encontrado em outras de suas cartas, bem como na pena de outros escritores do Novo Testamento. A confirmação do crente em Cristo como uma obra de Deus é uma doutrina bem fundamentada na revelação cristã.
Para a Escritura Sagrada, a confirmação, que garante a estabilidade no viver cristão, é operada pelo Espírito Santo, com o seu selo e penhor: “que também nos selou e nos deu o penhor do Espírito em nosso coração”. A esta pessoa salva, Deus confirma e guarda do Maligno (2Ts 3:3), mesmo que seja por meio do sofrimento (1Pe 5:10). Por isso, esperar a confirmação em Deus é uma forma de glorificar o Seu caráter (Rm 16:25a;27b).
Uma barreira para a vivência desta doutrina tem sido o “legalismo evangélico”, a tendência de entender que a justificação é uma obra da graça somente, mas a santificação depende de manter uma vida santa através de boas obras. Quem pensa assim deixa de encarar o discipulado como um relacionamento com Cristo e o reduz a mera obediência. Mas a obediência deve ser um resultado natural da nossa vida em Cristo. Quando mais crescemos em conhecê-lo como Salvador e Senhor, mais seremos motivados por Seu a amor a vivermos como servos obedientes.
Do contrário, permaneceremos imaturos, relacionando-nos com Deus por medo e culpa ou, até mesmo, hipócritas, mantendo apenas a reputação dentro de um sistema de usos e costumes, mas tendo perdido um espírito estável que adora a Deus com sinceridade e alegria. Além dos perigos de uma postura legalista para o cristão e a igreja, o mais lamentável é que este desvio manifesta a perda da visão espiritual e da compreensão mais aprofundada da maravilhosa doutrina da confirmação em Cristo.
A confirmação da nossa salvação por Deus no processo de santificação deve ser experimentada todos os dias, em oração. O nosso esforço deve ser na direção de cooperar com a transformação contínua realizada pelo Espírito Santo. Se é Deus quem nos confirma, podemos esperar que nossos corações serão inclinados a fazer a Sua vontade e o Seu poder nos aperfeiçoará enquanto aprofundamos nosso relacionamento com Ele.
Pr. Petrônio Borges