A sucessão pastoral é um tema que pode gerar incertezas e preocupações na igreja, mas é uma experiência que deve servir para o exercício da confiança em Deus. Afinal, somente Ele é capaz de preparar um homem para ser o novo líder espiritual de uma igreja. Nesse processo, conheceremos mais do significado do pastoreio divino e da sua condução na jornada de fé do seu povo.
A igreja do Senhor deve confiar em seu pastoreio e em seus propósitos mesmo diante das dúvidas que sucessão ministerial pode trazer. Podemos não saber quem Deus escolheu, mas devemos confiar na sua direção. Podemos não saber quem será escolhido, mas a Palavra de Deus estabelece os critérios para a escolha.
Moisés foi chamado por Deus para libertar o povo do Egito e preparar, no deserto, a geração que herdaria a terra prometida. Mas seu ministério teve início, meio e fim. Isso prova que nem mesmo o maior líder da história de Israel era eterno. Diante da certeza da sua partida e sabendo que o povo continuaria precisando de liderança, suplicou pela intervenção divina: “O SENHOR, autor e conservador de toda vida, ponha um homem sobre esta congregação” (Nm 27:16). Assim como aconteceu com Josué, sucessor de Moisés, o pastor escolhido por Deus para a sua igreja receberá capacitação espiritual para cumprir uma missão específica. Ele era o “homem em que há o Espírito” (Nm 27:18). Estava preparado para aquela sucessão e demonstrou isso submetendo-se à imposição de mãos (v.22-23).
O Moisés da Reforma Protestante, Martinho Lutero, usado por Deus para libertar a igreja do cativeiro da tradição, estava seguro de que havia um Josué diante de si: “Não duvido que a Igreja de Cristo, que há de continuar até o fim dos séculos, possa existir e permanecer sem mim, e ainda com maior sucesso e eficácia do que antes. De minha parte, não tenho preocupações nem ansiedades a respeito disso, pois tenho em você, meu caro Filipe [Melanchthon], um excelente sucessor, que certamente permanecerá fiel e prosseguirá na verdadeira doutrina do Evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo, e que ensinará e viverá corajosamente de acordo com ela.” (Carta de Lutero a Melanchthon, 22 de setembro de 1530).
Hoje, a igreja é desafiada a não se deixar vencer pela ansiedade diante da sucessão pastoral, porque Deus continua dando “pastores segundo o seu coração” (Jr 3:15). Devemos evitar a atitude de Elias que fugiu para uma caverna sem esperança de que a fé verdadeira sobreviveria em Israel. Deus mostrou ao profeta que havia muito serviço para ele e para os “sete mil” que permaneciam fiéis (1Rs 19:13-18). Creiamos haver homens de Deus, conservados por sua graça, e designados para a continuidade do ministério pastoral titular em nossa igreja.
Confiemos no pastoreio de Deus e em seu propósito para esta sucessão pastoral. Somente Deus é eterno e capaz de preparar um homem para ser o novo pastor da nossa igreja. Estejamos atentos aos princípios que aprendemos com a sucessão de Moisés. Supliquemos a Deus que nos mostre aquele que ele escolheu para ser o nosso novo pastor. Que seja um servo de Deus, capacitado espiritualmente para cumprir um propósito divino em um novo tempo.
Pr. Petrônio Borges Jr.