É inegável o fato de que o livro de Atos é um dos livros mais importantes do Novo Testamento. Ele é a ponte entre os Evangelhos e as Cartas. Sem ele, algumas possíveis perguntas ficariam sem respostas satisfatórias, tais como: quem foi Paulo? Como a Igreja Cristã se consolidou? Qual foi o papel de Pedro? Como o cristianismo se tornou também gentílico? Como surgiu o ofício diaconal? Assim, mais do que um documento histórico, o livro de Atos é importantíssimo para a compreensão dos fatores que permearam o processo de cristianização do Império. Seu autor foi Lucas, o médico amado, e não há consenso quanto à data. Alguns a colocam entre os anos 60 a 70 d.C.; outros, depois da destruição de Jerusalém. Seu destinatário também é incerto. Afinal, quem foi esse tal Teófilo? Não se sabe ao certo, mas isso não é o mais importante. O que precisamos saber é que, através de Atos, tomamos conhecimento da saga da Igreja de Cristo e de como ela conseguiu vencer a oposição do judaísmo e do próprio Império Romano.
Lucas começa o livro recordando que Jesus não apenas ensinou, mas viveu, sofreu, morreu e ressuscitou. Ele foi o modelo perfeito de obediência à vontade do Pai, nos mostrando o que significa viver uma vida verdadeiramente centrada em Deus. Por causa disso, Atos nos apresenta o modelo de fé cristocêntrica vivenciada pela Igreja. Tudo parte de Jesus e se direciona para Ele. Ser cristocêntrico é isso: é permitir que todas as áreas da vida — pensamentos, atitudes, escolhas e ações — estejam alinhadas com Cristo e voltadas para a glória de Deus, algo que foi notório na vida dos primeiros cristãos e, principalmente, dos apóstolos.
Antes de ascender aos céus, Jesus entregou aos discípulos a missão de serem Suas testemunhas. Mas Ele não os deixou sozinhos nessa tarefa. Prometeu o Espírito Santo, que viria para capacitá-los com poder, nos ensinando que uma vida centrada em Cristo não é fruto de esforço humano, mas resultado da ação transformadora do Espírito, que nos guia e fortalece a cada dia.
A ascensão de Jesus também não foi um ponto final, mas um chamado para olharmos para o alto com esperança, enquanto seguimos firmes cumprindo a grande comissão. A pergunta feita pelos anjos aos discípulos — “Por que vocês estão olhando para o céu?” — ecoa como um convite à ação: nossa fé deve ser vivida de forma ativa, dinâmica e comprometida com o Reino de Deus.
Ser cristocêntrico é mais do que reconhecer Jesus como Salvador — é submetê-Lo como Senhor de nossas vidas. É andar em Seus passos, refletir Sua graça, viver em amor, humildade e serviço. Por isso, a importância do livro de Atos. Ele é um livro extraordinário, mostrando que o ministério dos apóstolos, bem como a vida em comunidade dos primeiros crentes, acontecia em torno da figura de Cristo, o Filho de Deus, o Salvador da Igreja.
Toda a história daquele povo que caiu na graça da sociedade da época ecoou através dos séculos como um convite às milhares de comunidades cristãs a seguir o modelo deixado pelos nossos irmãos do passado, que viveram a plenitude de uma vida cristã regida pela fé e pela prática.
Que sejamos uma comunidade verdadeiramente cristocêntrica, comprometida com a causa de Cristo, movida pelo Espírito Santo e dedicada a fazer o nome de Jesus conhecido, entendendo que somos, como povo de Deus hoje, a continuação da história.
Que nesta semana, ao lembrarmos de Atos 1.1-11, possamos renovar nosso compromisso de colocar Cristo no centro de tudo, para que, por meio de nossas vidas, muitos conheçam e glorifiquem ao Senhor.
Que Ele nos abençoe!
Pr. Alex Oliveira – vosso servo!