Existe um tipo de fé que não se acomoda. Aquela que quando manifestada com coragem e vivida com sinceridade, desestabiliza as estruturas, confronta poderes e abala as emoções de todos aqueles que governam sob aparência de piedade. Foi isso o que aconteceu com Pedro e João após o milagre que curou um homem coxo de nascença e a ousada pregação no pórtico de Salomão.
A resposta foi imediata. Os saduceus, grupo religioso influente que negava a ressurreição e procurava sustentar seus privilégios para com o Império Romano, reagiram com dureza. O conteúdo da mensagem dos apóstolos: Jesus, o messias ressuscitado e o único caminho de salvação, foi uma afronta direta à teologia e à autoridade daqueles líderes. A ousadia dos apóstolos, homens simples e sem nenhuma formação rabínica, surpreendeu os mestres do Templo, principalmente quando estes se depararam com o milagre vivo ali diante deles: o homem totalmente curado.
Pedro, antes acuado e amedrontado aquentando-se numa fogueira, e que havia negado seu mestre três vezes ante a insistência de uma mulher, agora falava com firmeza e ousadia diante do mesmo conselho que havia condenado Jesus à morte. Mas não era uma coragem irresponsável, e sim, consciente, fruto do Espírito Santo que capacitou aqueles homens comuns a proclamarem uma mensagem inegociável: “Em nenhum outro há salvação” (Atos 4.12). Apesar de todas as ameaças, o resultado foi avassalador: cerca de cinco mil creram. O crescimento da igreja era inevitável, isso porque havia fidelidade à Palavra, oração fervorosa e comunhão viva. Mesmo sob riscos, os cristãos pediam mais coragem e não proteção dos perigos iminentes. Pediam mais oportunidades para proclamarem a mensagem e não alívio das pressões dos poderosos.
Infelizmente hoje, temos vivido uma fé muitas vezes domesticada, tranquila demais para incomodar o deus deste século. A ausência de oposição talvez revele mais sobre nossa acomodação do que sobre a tolerância do mundo. A fé que irrita os poderosos é a fé que desafia. A mesma fé que abalou o Sinédrio e deveria abalar as estruturas modernas permeadas pela incredulidade e pelo orgulho religioso. A fé que irrita os poderosos é a fé de Pedro, João e da igreja primitiva. A fé que sempre moveu a igreja e a fez avançar contra as portas do inferno.
Oremos para que Deus nos livre da zona de conforto espiritual e nos conceda, como à igreja primitiva, intrepidez para continuar falando de Jesus, custe-nos o que custar, pois quando a fé é verdadeira, ela jamais existirá sem oposição. Que os poderosos de hoje tremam diante da fé verdadeira, aquela que abalou o mundo e chegou até nós.
Que Deus nos abençoe! Pr. Alex Oliveira – vosso servo.