Por Pr. Marcio Alexandre de Moraes Santos
Diretor Executivo da Convenção Batista Mineira
Era pouco mais de 12 horas do dia 25 de janeiro de 2019 quando a barragem do Córrego do Feijão, na cidade de Brumadinho, se rompeu. Em poucos minutos, as notícias ganharam a atenção dos principais telejornais do Brasil e do mundo. Uma tragédia sem precedentes históricos, que ceifou a vida de centenas de pessoas em um curto período, comoveu o povo brasileiro e pessoas de várias partes do mundo. Uma grande onda de solidariedade se formou rapidamente. O local foi isolado pelas autoridades, e o acesso ficou restrito às forças de segurança e socorro. Contudo, antes do cerco de segurança ser formado, os batistas mineiros receberam autorização para montar uma base de apoio no local da tragédia. Nossa base foi a única base civil autorizada a acessar o local. Esse foi um exemplo prático de como a Igreja pode ser a voz de Cristo em meio ao sofrimento e à dor.
Durante essa tragédia, milhares de bombeiros foram mobilizados para os trabalhos de resgate, e a Primeira Igreja Batista de Mariana, então pastoreada por nosso veterano missionário Pr. João Luís e sua esposa Marina Nanci Estevam, se tornou um local de acolhimento e serviço. Uma das ações mais marcantes foi a abertura de uma lavanderia improvisada nas dependências da igreja, onde as roupas dos bombeiros eram lavadas com dedicação e amor. Esse gesto de cuidado, em meio à tragédia, não apenas trouxe alívio físico, mas também se transformou em um testemunho do amor de Cristo. Milhares de pessoas, incluindo os próprios bombeiros, sentiram o carinho e a solidariedade dos batistas mineiros que, por meio de uma ação simples e prática, mostraram a presença de Cristo naquele momento de dor. Nossa lavanderia, que semeava o amor de Cristo, funcionou por quatro meses e 12 dias, em turnos de 24 horas. Assim, aprendemos uma das formas de falar sem usar nossa voz, mas através de atitudes de amor e solidariedade.
Falar e não se calar é assumir a responsabilidade de ser uma voz em meio ao caos, em defesa do amor, da verdade e da justiça. Este é um chamado para que, como cristãos, sejamos protagonistas, levando o evangelho a todos os cantos, sem medo de enfrentar desafios.
No século XXI, o teólogo Jürgen Moltmann tem se destacado por enfatizar que a fé cristã deve ser uma força ativa na transformação da sociedade. Moltmann é conhecido por sua Teologia da Esperança, que propõe uma fé não passiva, mas engajada na luta por um futuro melhor, pautado pela justiça e pelo amor de Cristo. Ele nos lembra que os cristãos não devem se calar diante das dificuldades ou injustiças, mas devem falar com ousadia, em nome da esperança e da transformação social.
A lavanderia dos batistas mineiros não se limitou aos bombeiros locais. Nossos voluntários visitaram as famílias enlutadas e participaram de todos os funerais, que aconteciam diariamente, levando sempre a mensagem do amor de Cristo. Com tamanho envolvimento, muitas reportagens circularam pelo mundo destacando essa ação de amor, solidariedade e compaixão. Este é um exemplo claro de como “falar e não se calar”, transformando palavras em ações.
Em 2025, os batistas mineiros são chamados a continuar essa missão, falando do amor de Cristo de forma ousada e generosa.