No seu premiado livro, “A Cruz de Cristo”, John Stott defende que a morte de Jesus foi substitutiva, ou seja: Ele morreu em nosso lugar. Cantamos esta doutrina no belo hino do Cantor Cristão, cujo título tomei de empréstimo para este texto: “Substituição” (92 CC). A letra traduz a voz de Jesus como um contive à contrição: “Morri na cruz por ti, que fazes tu por mim?”.
Infelizmente os sinais de abandono da mensagem da cruz estão se multiplicando. Tanto os púlpitos quanto as músicas deixam de apresentar com fidelidade as implicações da morte e ressurreição do Senhor para a vida diária. Enquanto isso, cresce uma religiosidade antibíblica, que não confronta o pecado nem exalta a graça de Deus.
Deus é, ao mesmo tempo,justo e salvador: “E não há outro Deus além de mim, um Deus justo e salvador; não há outro além de mim” (Isaías 45,21b). Na cruz, temos o encontro da justiça e do santo amor de Deus. Nela, pecadores rebeldes são reconciliados com um Deus perfeito. O apóstolo Paulo escreveu aos romanos ressaltando este paradoxo (ou aparente contradição): “para ser justo e justificador daquele que tem fé em Jesus” (Romanos 3,26).
Para a Bíblia pecado não é meramente uma doença, nem mesmo um crime. Pecado é desobediência e desobediência é rebeldia contra a Lei de Deus. Por esta razão, Jesus assumiu a cruz em nosso lugar. Decidiu cumprir a vontade do Pai. O Filho Eterno de Deus, na forma de Servo, sem nunca ter cometido pecado, se fez maldição em nosso lugar. Suportou em sua pessoa inocente a condenação que nossos pecados mereciam.
Jesus morreu a nossa morte como estava predito nas Escrituras (Isaías 53,4-7). Escrevendo aos gálatas, Paulo enfatizou este significado: “Cristo nos redimiu da maldição da lei quando se tornou maldição em nosso lugar, pois está escrito: “Maldito todo aquele que for pendurado num madeiro” (Gálatas 3,13 – NVI). E chaga a dizer por carta aos coríntios: “Ele se fez pecado por nós” (2 Coríntios 5,21).
Mesmo diante de tamanha prova de amor e justiça, muitos continuaram com o coração endurecido. Estêvão, o primeiro mártir, declarou diante daqueles que viriam a executá-lo por apedrejamento: “Povo rebelde, obstinado de coração e de ouvidos! Vocês são iguais aos seus antepassados: sempre resistem ao Espírito Santo!” (Atos 7,51 -NVI). O que Estêvão disse acerca dos líderes judeus também se aplica a nós. Eles foram gananciosos, invejosos e covardes. Mas nossas mãos também estão sujas de sangue inocente. Também temos o coração endurecido pelo pecado.
Contudo, a voz de Jesus ainda se faz ouvir: “Morri na cruz por ti, que fazes tu por mim? Diante da centralidade da cruz nas Escrituras e na vida cristã, o discípulo deve adotar certa visão distinta do mundo, esforçar-se por ser disciplinado quanto ao cultivo da espiritualidade bíblica e manter uma atitude graciosa para com o seu próximo.
O que devemos fazer a partir da cruz (ou, como deve ser a “vida crucificada”)? Nossa maior glória deve ser participar da missão de Jesus entregando a vida em amor e serviço. Nossa vida de oração deve demonstrar arrependimento, gratidão e confiança na graça. Nossos relacionamentos devem ser marcados por perdão e aceitação.
Pr. Petronio Borges Jr.
Pastor-auxiliar de Formação Cristã
Primeira Igreja Batista em Divinópolis