A Bíblia tem na pessoa de Cristo o seu âmago. Ouvi repetidas vezes essa defesa nas aulas de Introdução Bíblica com o pastor Jonas Barreira de Macedo Filho. Toda a Escritura deve ser interpretada a partir da vida e da obra de Jesus, dizia o amado Joninhas. O Antigo Testamento descreve a nação escolhida para trazer ao mundo o Salvador. O Novo, revela Sua Pessoa. Os eventos, personagens e profecias dos textos sagrados apontam para o Eterno Filho de Deus e giram em torno dele. Do Gênesis ao Apocalipse, encontramos Sua Revelação. O saudoso professor pedia que copiássemos frases como estas extraídas do Manual Bíblico de H.H. Halley.
Em Gn 3,15, temos o primeiro anúncio do Evangelho imediatamente após a queda do gênero humano: “Porei inimizade entre ti e a mulher, e entre a tua descendência e a sua descendência; esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar”. A partir desta profecia, passamos a compreender, progressivamente, através de personagens e eventos bíblicos, a missão do Cristo: Noé e o dilúvio; Abraão e aliança com Deus; Moisés e a libertação do povo; Davi e o reinado segundo o coração de Deus; os profetas e o anúncio da vinda do Messias, o escolhido de Deus. E após descrever sua vida, morte e ressurreição, a Bíblia conclui: “Eu sou o Alfa e o Ômega, e o que vivo” (Ap. 1,17-18a).
Cristo é a árvore colocada no meio do jardim; sem ela nada podemos fazer, pois somos seus ramos, dela recebemos a seiva vital. Ele gera, atrai e move desde histórias pessoais anônimas até a conjuntura política das grandes nações. Em torno de si e por sua causa tudo existe. Para vivermos com dignidade diante de uma cultura marcada pela violência, desigualdade e injustiça, precisamos fazer de Cristo o núcleo das nossas vidas. Dele receberemos todo amor suficiente para construirmos relacionamentos fraternos e solidários, único meio de vencer a cultura de morte que nos cerca. Colaborando com Seu agir na história poderemos mudar estruturas de pecado organizadas para fazer do mal um estilo de vida.
Para atingir a profundidade do nosso ser, mergulhar abaixo da superficialidade de uma vida escravizada pelo dinheiro, poder ou ideologias dependemos da experiência pessoal com o Deus-Homem. Ele quis mostrar-se explicitamente na pessoa histórica de Jesus de Nazaré. O Cristo Vivo é o centro da história e do universo. Para usar a linguagem da Física: Cristo é a força centrípeta, aquela que exerce o poder de atração. O apóstolo Paulo ensinou sobre esta revelação da vontade de Deus “de fazer convergir em Cristo todas as coisas, tanto as que estão nos céus como as que estão na terra” (Ef 1,9-10).
Todas as coisas devem convergir para Cristo. O mundo, enquanto sistema, porque não há autoridade humana que se estabeleça diante de Cristo sem se submeter a Ele. É Ele que afirma: “toda a autoridade me foi dada no céu e na terra” (Mt 28,18). A igreja, corpo de Cristo, porque Ele é o Senhor da Igreja, adquiriu-a com seu próprio sangue (At 20,28). A família, lugar da fé genuína, porque em Sua disciplina e admoestação os filhos devem ser criados (Ef 6,4), no modelo de Sua graça o casal deve se relacionar (Ef 5,25-28). Da vida pessoal, porque aceitamos o convite de “tomar a nossa cruz” e segui-lo, esvaziamo-nos do próprio eu e vivemos nele (Lc 9,23; Gl 2,20).
Pr. Petrônio Borges Jr.
Ministro de Formação Cristã
Primeira Igreja Batista em Divinópolis-MG