CEIA DO SENHOR – NAS ESCRITURAS E NA HISTÓRIA

No primeiro século da Era Cristã, a Ceia do Senhor era uma festividade promovida pelas comunidades cristãs, geralmente acompanhada de refeições, e até mesmo pelo lava-pés em algumas regiões, configurando-se numa substituição da Páscoa judaica. Com o passar dos anos, a Ceia do Senhor foi mantida tão somente como parte da Liturgia na adoração dominical, não mais acompanhada por uma refeição real.

No Novo Testamento grego, a Ceia do Senhor é denominada também como agape, a festa do amor, e comunhão. Na atualidade, pelo menos três diferentes interpretações acerca do significado da Ceia do Senhor são conhecidas: TRANSUBSTANCIAÇÃO, uma doutrina adotada pelo quarto Concílio laterano, em 1215, e confirmada pelo Concílio de Trento. É admitida pelo Catolicismo e estabelece que, no momento da celebração eucarística, o pão e o vinho transmutam-se no corpo e sangue de Cristo, assim, mesmo que as características físicas dos elementos não sejam alteradas, acredita-se que a substância deles é transformada no verdadeiro corpo e verdadeiro sangue de Cristo. Apenas o sacerdote ingere os dois elementos, ficando à congregação apenas a possibilidade de comer do pão. CONSUBSTANCIAÇÃO, a doutrina que foi sistematizada pelo reformador Martinho Lutero, anuncia que os elementos da Ceia do Senhor são mero pão e mero vinho, sem qualquer modificação ou transferência de substância. Todavia, afirma que, por meio de algum processo místico, a presença do corpo e do sangue de Cristo é preservada no ato litúrgico sem tomarem o lugar do pão e do vinho, muito embora estejam presentes paralelamente. INTERPRETAÇÃO SIMBÓLICA, que é ensinada pela maior parte das Igrejas Evangélicas, inclusive batistas, uma vez que as palavras de Jesus: “Tomai, comei, isto é o meu corpo”, “Bebei dele todos, porque isto é o meu sangue” (MATEUS 26:26-28) inserem-se numa categoria linguística própria do Novo Testamento, a qual lança mão de palavras como “a luz”, “a água”, “o pão”, “o pastor”, “a porta” para clarificarem a missão de Jesus.

Cremos, conforme o apóstolo Paulo ensinou, que a celebração da Ceia do Senhor é um memorial do qual, simbolicamente, anunciamos a mensagem intrínseca aos elementos pão e vinho (I CORÍNTIOS 11: 23-26), até que um dia possamos participar da Ceia de Cristo com sua Igreja vitoriosa no céu. Nesta festa, os crentes em Jesus proclamam comumente que o corpo moído e o sangue derramado por Cristo na cruz do Calvário pagaram a nossa dívida diante de Deus. O sacrifício do Calvário nos livrou da culpa dos pecados que outrora nos atormentavam. Quando cumprimos esta ordenança, estamos reafirmando aquilo que já aconteceu em nós, os salvos, portanto não participamos dela para que nos aconteça a salvação. Não cremos que existam sacramentos no Cristianismo. A salvação eterna é pela Graça de Deus, esta maravilhosa Graça que nos eleva à condição de participantes da mesa do Senhor. Valorizemos, portanto, esta ordenança bíblica, cristã e neotestamentária. Façamos isto em memória de Cristo!

Pr. Tarcísio F. Guimarães