O JEJUM NA BÍBLIA
Muitos cristãos têm apresentado questionamentos acerca dos propósitos e da validade do jejum para a vida cristã. Como em outras questões, as respostas acerca do jejum devem ser construídas a partir daquilo que está revelado nas Escrituras Sagradas, especialmente no Novo Testamento, que nos ensina acerca da vida cristã dirigida dia a dia pelo Espírito Santo.
O jejum pode ser definido como a abstinência de alimentos para fins espirituais, fruto de um compromisso pessoal, voluntário e integral do cristão. Esta prática não concede poder espiritual instantâneo ao crente, não é sinônimo de greve de fome e não deve ser visto como dieta de saúde. O jejum também não é a prática mais importante da vida cristã, tanto que nem sempre os discípulos de Jesus o priorizaram (MATEUS 9:14,15).
Na Bíblia, encontramos a prática do jejum na história de personagens destacáveis, a exemplo de Moisés, Ana, Ester, Neemias, Daniel, Davi, João Batista, Jesus e Paulo. Na História da Igreja, encontramos relatos de jejuns praticados por Martinho Lutero, João Calvino, John Knox, Charles Spurgeon, Jonathan Edwards, Charles Finney e outros nomes de destaque.
Pelo menos três tipos de jejum podem ser mencionados: típico, que é a abstinência de alimentos sólidos; absoluto, assim chamado porque indica a abstinência de alimentos sólidos e também de líquidos; e parcial, que é a abstinência de alguns alimentos, por algum tempo, ou de alguns desejos específicos que devem ser controlados pelo crente, a exemplo de entretenimento, sexo e acesso à internet (DANIEL 1:12,13; I CORÍNTIOS 7:5).
O jejum praticado em Israel tinha duração de um dia, em geral (JUÍZES 20:26; I SAMUEL 14:24; II SAMUEL 1:12; 3:35), mas jejuns com duração da alguns dias também são relatados nas Escrituras. Esses períodos se davam em função dos seguintes motivos: aflição, penitência, arrependimento e consulta da vontade de Deus (LEVÍTICO 23:27; ESTER 4:16; ESDRAS 8:21; II CRÔNICAS 20:3; JUÍZES 20:26; I SAMUEL 1:7; 7:6). Em períodos de crise nacional, era comum haver convocação para que todos jejuassem, todavia existia também a prática de jejum individual e voluntário como parte da espiritualidade judaica.
Pelas Escrituras, entendemos que os propósitos corretos para que um crente pratique jejum são: reflexão pessoal, busca por comunhão com Deus e preparação para a tomada de uma decisão (SALMOS 35:13; 69:10; MATEUS 4:1-11; 17:21; ATOS 13:1-3). Os propósitos incorretos para que alguém pratique o jejum são: tentativa de barganhar com Deus (NEEMIAS 1:4-7; II SAMUEL 12:13-23), hipocrisia ritualista (ZACARIAS 7:5,6; MATEUS 6:16-18), cultivo do orgulho (LUCAS 18:11,12), legalismo (ROMANOS 14:17), imposição coletiva (JOEL 2:12,13), martírio (ISAÍAS 58:5) ou tentativa de alcançar purificação espiritual por um ato próprio (ISAÍAS 58:1-3).
Pr. Tarcísio F. Guimarães