POBRE RIQUEZA
A recente greve promovida pelos caminhoneiros em todo o Brasil tem suscitado muitas e valiosas reflexões. Particularmente, tenho refletido acerca daquilo que o Apóstolo Paulo, da parte de Deus, escreve a Timóteo: “Manda aos ricos deste mundo que não sejam altivos, nem ponham a esperança na incerteza das riquezas, mas em Deus, que nos concede abundantemente todas as coisas para delas gozarmos; Que pratiquem o bem, que se enriqueçam de boas obras, que sejam liberais e generosos; entesourando para si mesmos um bom fundamento para o futuro, para que possam alcançar a verdadeira vida.” (I Timóteo 6:17-19).
Certamente, no dia anterior ao início da greve, empregados e empregadores de diversos ramos da economia brasileira planejaram acordar no dia seguinte e, como se fosse essa uma grande certeza, assumirem seus postos de trabalho e tocarem suas vidas. Para os milhões de desempregados brasileiros, seria aquela segunda-feira mais um dia de busca por novo emprego ou de busca por algum “bico” que lhes garantisse algum dinheiro imediatamente. Todavia, a incerteza das riquezas se fez perceber com clareza para os brasileiros em meio às certezas que parecemos conhecer.
Qual é o valor de um carro de luxo se não existe combustível para movimentá-lo? O que se pode fazer com uma frota de caminhões se não existe motorista pronto para utilizá-la e licença para trafegar nas rodovias? Qual serviço pode ser oferecido por uma empresa que não recebe os produtos que comercializa e onde não chegam os funcionários que a administram? E a produção agropecuária, que se acumula sem que seja distribuída a tempo de ser consumida, ainda tem grande valor?
As riquezas desta vida são concessões do Criador para que possamos viver bem enquanto aqui estamos. Os bens que temos em nosso poder não devem ser a razão do nosso viver. Deus, em sua bondade, deve ser o nosso grande bem, assim como Ele é a nossa grande certeza. Tudo que temos e somos nesta vida passará, mais cedo ou mais tarde, a depender da perspectiva adotada para avaliação do tempo. “Porque nada trouxemos para este mundo, e nada podemos daqui levar” (I Timóteo 6:7).
Paulo ainda ensina a Timóteo que “o amor ao dinheiro é raiz de todos os males” (I Timóteo 6:10), uma cobiça que cega pessoas e destrói relacionamentos. Esse “amor” ao dinheiro tem gerado cobiças e inimizades na história da humanidade. Muitos já abandonaram a fé e tornaram-se devotos das riquezas, não tendo tempo para a vida espiritual. Outros desprezaram familiares e amigos, já que estes não geram os mesmos lucros conquistados no relacionamento com o mercado.
Ganharam muitas perdas aqueles que decidiram viver para lucrar, dentre as quais destaca-se a perda da esperança futura, a ausência de qualquer reflexão acerca do próprio destino eterno. Vivem aqui como se nada mais existisse além daqui. Acreditam que a morte não mais existe, embora acompanhem mortes e funerais diariamente. Desprezam o iminente juízo de Deus, tratando esta doutrina como se a mesma fosse um delírio cristão.
É pobre a riqueza de um país que se entrega, irrefletidamente, às leis do mercado. É prejuízo o lucro de um governo que deixa de priorizar o bem-estar dos cidadãos por ele governados. É nula a prosperidade daquele que se coisifica, que se vê a partir das roupas que compra, do carro que dirige e da casa que possui. Há uma outra riqueza, indisponível no mercado, oferecida por Deus à sua criação, e que pode ser grande fonte de alegria para todos nós: o Evangelho da Graça de Deus. Essa é a boa notícia para todos, pobres e ricos deste mundo, acessível e sem custos para o ser humano, pois, seu alto valor foi assumido por Jesus Cristo.
Pr. Tarcísio F. Guimarães