PÁSCOA: DEUS EM CRISTO É JUIZ-REDENTOR

PÁSCOA: DEUS EM CRISTO É JUIZ-REDENTOR

 

A celebração da páscoa é uma oportunidade para resgatar o equilíbrio da mensagem cristã que anuncia “Deus em Cristo”, a um só tempo, como Juiz e Redentor. Uma análise bíblica da origem deste evento mostrará sua ligação com a páscoa judaica. Mas, o centro desta festa não deve ser a mera repetição de um ritual e sim, a exposição do seu sentido original através da pregação e do ensino. Somente desta forma será possível corrigir os desvios teológicos que se evidenciam em posições extremas.

 

Existe uma conexão entre a páscoa cristã e a Pessach ou “Festa da Libertação” como é conhecida a páscoa judaica. Esta consistia na celebração da libertação dos hebreus da escravidão do Egito. No cerne desta celebração estava o “cordeiro pascal”. Segundo o Evangelho de João, os eventos que acompanharam a paixão de Cristo aconteceram paralelamente à festa judaica (João 13:1; 18:28; 19:14; 19:31). Seguindo o calendário judaico no tempo do Novo Testamento perceberemos que Jesus estava pendurado na cruz no momento preciso em que o animal era imolado. Começava o “fresco do dia” entre 15 e 18 horas. Jesus morreu na hora nona do dia, 15 horas.

 

No Egito, Deus revelou-se como Juiz contra Faraó especialmente na praga da morte dos primogênitos. Ao mesmo tempo, revelava-se como redentor para Israel ao “passar” por cima das casas marcadas pelo sangue. O Juiz e o Redentor eram a mesma pessoa. “Quando o Senhor passar pela terra para matar os egípcios, verá o sangue na viga superior e nas laterais da porta e passará sobre aquela porta; e não permitirá que o destruidor entre na casa de vocês para matá-los” (ÊXODO 12:23). Na morte de Jesus, a justiça divina foi plenamente satisfeita. Por esse sacrifício perfeito e eterno a igreja foi comprada ou redimida. Em vez de matar os primogênitos, agora Deus oferece seu Filho Unigênito. Em vez de exigir um cordeiro para o sacrifício, Deus mesmo se oferece em nosso lugar. Em vez de uma aliança provisória e limitada, um relacionamento planejado desde a eternidade e que não terá mais fim. “Pois vocês sabem que não foi por meio de coisas perecíveis como prata ou ouro que vocês foram redimidos da sua maneira vazia de viver que lhes foi transmitida por seus antepassados, mas pelo precioso sangue de Cristo, como de um cordeiro sem mancha e sem defeito, conhecido antes da criação do mundo, revelado nestes últimos tempos em favor de vocês” (1 PEDRO 1:18-20).

 

Páscoa é tempo para o resgate desta mensagem que conjuga justiça e amor, ira santa e misericórdia. O perigo está nos extremos. Por um lado, a ideia de “um deus sem ira, um homem sem pecado e o cristo sem cruz”. Uma tentativa de retirar Deus do seu trono de glória, elevar o homem a condição de ídolo e transformar Cristo em uma influência moral. Por outro lado, a repetição acrítica de uma pretensa ortodoxia (doutrina correta) que acentua a justiça em detrimento do amor e distorce a imagem de Deus em Cristo. Para o Deus revelado na páscoa, a justiça é exercida através do amor. O Deus revelado em Cristo não é um ídolo sanguinário buscando insanamente aplacar sua ira sem demonstrar nenhuma misericórdia. Deus busca um relacionamento de amor baseado na justiça de Cristo e possibilita uma vida cheia de esperança e alegria.

 

Esta é a mensagem a ser pregada e ensina através da páscoa: Deus em Cristo é Juiz e Redentor. Justiça e amor são inseparáveis no caráter divino. Devemos evitar os extremos para manter o foco na pessoa de Cristo. Olhando para a cruz podemos contemplar a “ira santa de um Deus de amor”. Deus reconhecido em sua majestade, o homem compreendido em sua condição de pecador e Cristo estabelecendo com sua morte a nova aliança do homem com Deus.

 

Pr. Petrônio Borges

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