Quando a igreja cristã se tornou romana com a ascensão de Constantino ao trono, se viu diante de vários desafios. Estabelecer-se em um território pagão definitivamente não seria algo fácil, pois a colocaria diante de inimigos poderosíssimos que haviam sido enraizados na cultura e religiosidade romana, o que a levaria a repensar os meios a serem utilizados para a cristianização do império. Um desses inimigos a serem vencidos seriam as festividades pagãs com seus inúmeros excessos. Dentre elas, poderíamos citar as bacanais em homenagem ao deus do vinho Baco, as Lupercálias e as saturnálias dedicadas ao deus romano Saturno, festas cujas celebrações entraram em choque com as intenções da igreja de pavimentar os corações com a mensagem do evangelho a fim de convertê-los à nova fé, até então contrária às práticas e crenças do povo romano em geral. O caminho seria árduo, e, para suavizá-lo, a igreja tentou “dialogar” com o paganismo, pois confrontá-lo seria inútil e improdutivo. É aí que surge o CARNAVAL, originalmente, CARNE LEVARE – ou, “adeus à carne”. A ideia seria a seguinte: durante os dias de festa, a igreja não interferiria nas comemorações. O povo poderia comer e beber à vontade, sem nenhum tipo de restrição, mas na quarta-feira chamada de cinzas, os cidadãos deveriam se entregar à penitência, por causa do “CARNE LEVARE”, mais tarde, “CARNE VALE”, ou, CARNAVAL. Seria o fim do período de comilança, bebedeiras e orgias e o início da chamada “QUARESMA”, onde, por um período de 40 dias, o povo deveria se purificar, evitando comer carne, beber vinho e os todos os excessos praticados durantes as festividades, dedicando-se unicamente à oração, demonstrando assim arrependimento pelos pecados cometidos e buscando o perdão de Deus. Problema resolvido? Claro que não! Aquilo foi apenas o estopim de uma festividade que ganharia o mundo e manteria a humanidade enlameada até o pescoço por conta de toda a permissividade e pecaminosidade que ainda reinam absolutos durante os quatro dias de festejos.
Hoje, vários séculos depois, o carnaval continua sendo a maior festa popular do planeta, sendo o Brasil o destino preferido pelos foliões do mundo todo. Mas e os cristãos? Como fica esse povo em meio a toda a loucura e todo o frenesi promovido nestes dias? Na verdade, a resposta deveria ser simples e óbvia, mas não é. De um lado, temos aqueles que são radicalmente contrários a qualquer tipo de envolvimento por parte da igreja, mas, infelizmente, isso não é unanimidade. A condescendência de muitos ditos evangélicos tem colocado os verdadeiros crentes numa situação constrangedora. Isso porque as avenidas estão repletas de gente cujo conceito de cristianismo é qualquer coisa, menos o que a Palavra de Deus realmente ensina. Ávidos por satisfazerem seus desejos carnais contidos e reprimidos durante todo o ano, grande parte do povo evangélico brasileiro faz aquilo que a igreja fez lá no quarto século ao tentar conciliar os prazeres mundanos e a fé cristã. O resultado? Uma igreja fraca e inoperante, que tem envergonhado o evangelho e dado ao mundo inúmeras razões para rir e zombar do verdadeiro povo do Senhor.
Cristãos genuinamente nascidos de novo não participam do Carnaval. Para eles, a graça do Senhor Jesus Cristo é suficiente. Seus corações estão cheios de gratidão Àquele que há dois mil anos, carregou uma pesada cruz, percorrendo as ruas de Jerusalém em direção ao Calvário. Foi ali que o verdadeiro “adeus à carne” aconteceu, e desde então, todos aqueles que foram crucificados com Ele tem se mantido fiéis, lutando contra o pecado, mortificando a carne e sendo invadidos por uma verdadeira alegria. Essa alegria é permanente, sólida e suficiente para manter o coração sempre em festa, e o melhor, sem se encerrar na quarta-feira. Que possamos, como povo de Deus entender nosso papel nesses dias dominados pelas trevas e orar para que o Senhor tenha misericórdia e retire deste ambiente sombrio todos aqueles que pertencem a Ele.
DIGA NÃO AO CARNAVAL!!!
Pr. Alex Oliveira – vosso servo!