SERVIR É…

O texto de João 13.1-11 é um daqueles que precisam ser lidos vagarosamente, degustando cada parte e se deliciando com cada informação obtida. A Páscoa estava se aproximando, e Jesus estava a poucas horas de ser traído, julgado, condenado e morto. Mas o curioso é que, em vez de vê-lo desesperado, inquieto e ansioso, Ele ainda reserva mais algumas lições preciosas para seus discípulos.

Em um dos momentos mais comoventes de Seu ministério terreno, o Filho de Deus se ajoelha diante deles para lavar-lhes os pés. Um ato inesperado, quase escandaloso para aqueles que esperavam um Messias triunfante, que desbaratasse os exércitos de Roma e entrasse em Jerusalém como o Filho de Davi. Mas nada disso aconteceu. Pelo contrário, ali estava o Mestre e Senhor deles, assumindo uma função que pertencia aos escravos, deixando-os profundamente embaraçados.

João 13.1-11 é um texto profundo, que nos revela a verdadeira natureza do serviço cristão. Servir não é apenas uma atitude, mas um chamado, uma expressão do próprio coração de Deus. No reino dos homens, os grandes se assentam em tronos e são servidos; no Reino de Deus, a grandeza se manifesta com toalhas e bacias.

Jesus, sabendo que o Pai tudo confiara às Suas mãos, poderia ter exigido honra e reconhecimento de Seus seguidores. O versículo 3 não está no texto por acaso; ele serve para dar um tom ainda maior de dramaticidade ao que está prestes a acontecer. Em vez de assumir de vez Sua posição de Rei, Ele escolhe o caminho da humildade.

O ato de lavar os pés dos discípulos foi mais do que um gesto de hospitalidade; foi um sinal de disposição para lidar com a impureza alheia. Servir é estar pronto para entrar na dor, na sujeira e nas necessidades do outro, sem reservas. Pedro resistiu ao toque de Jesus, dizendo: “Nunca me lavarás os pés!” (Jo 13.8), mas foi vencido pelo exemplo do Mestre, entendendo que realmente precisava daquela limpeza profunda promovida pelo seu Senhor.

Quantas vezes temos sido seletivos em nosso serviço? Escolhemos quem e quando servir. Evitamos o desconforto. Queremos servir àqueles que, de alguma maneira, responderão positivamente e, de certa forma, nos retribuirão. É bem mais fácil servir pessoas que estão dentro de nossas cercas, não é verdade? Mas e os que estão do lado de fora? E os sujos, moribundos, caídos, desesperançados, aflitos e vitimados pela injustiça?

Jesus não apenas lavou os pés dos discípulos naquele dia, mas os ensinou que o verdadeiro serviço transcende a ação externa e alcança o coração. Ao final, Ele afirma: “Ora, se sabeis estas coisas, bem-aventurados sois se as praticardes” (Jo 13.17). O conhecimento sem prática é estéril, mas o serviço vivido transforma vidas.

Assim, na contramão da lógica terrena, o Rei dos Reis pegou uma toalha e uma bacia, lavou pés empoeirados e nos ensinou que o amor se traduz em atitudes simples, mas profundas. Que possamos seguir Seu exemplo, abraçando a humildade e o amor que se manifestam no ato de servir.

Com Ele, aprendemos que, no Reino de Deus, grandeza é se fazer pequeno, e servir é amar em ação.

Toalhas e bacias, isso é servir!

Pr. Alex Oliveira – vosso servo!