ESCOLHA A UNIDADE!

Nas aulas de mentoreamento do Seminário, o professor Társis Wallace repetia: “Aquele que nos une é maior do que aquilo que nos separa”, em uma adaptação da frase de origem desconhecida (por mim). Isso não significa abertura a uma aventura ecumênica qualquer, mas, o entendimento de que poderíamos escolher entre colocar o foco na unidade ou na divisão.

O Senhor Jesus escolheu ver a unidade na diversidade, e orou por isso. A sua oração mais longa registrada na Bíblia foi intercessória. Também chamada de oração sacerdotal, esta prece de Jesus pelos seus discípulos se deu num contexto de despedida e agonia. Foi a oração do coração de Jesus na qual Ele orou por si (João 17:1-8), pelos discípulos, os primeiros (v.9-19) e os futuros (v.20-26).

Nesta oração aprendemos, dentre outras lições, que a verdadeira unidade da igreja de Cristo conduz ao crescimento em direção ao mundo. O desejo do Senhor era que os discípulos tomassem como modelo a sua relação com o Pai. Uma vez que fossem “perfeitos em unidade” (v.23), ou seja, vivendo uma unidade completa, estariam preparados para levar o mundo a crer e conhecer o amor de Deus.

No entanto, Jesus sabia que eles estariam sujeitos à ação do Maligno e que o mundo os odiaria pela Palavra que receberam. Existe um esforço orquestrado das trevas para tentar impedir o avanço do Reino de Deus. E a prioridade de Satanás é destruir a unidade da igreja. Para isso, ele sabe que as ameaças externas, como a perseguição, são perigosas, mas todas possíveis de ser vencidas no poder do Espírito. Por outro lado, a divisão interna da igreja já representa um avanço do inimigo sobre o arraial do povo de Deus.

A vivência da unidade exige uma visão espiritual, e vai além do mero discurso. O “viver igreja” tem sua dinâmica própria que diferencia a comunhão cristã de qualquer associação humana. Primeiro, porque o penhor da unidade na igreja é a fé em Cristo. Antes de ser prática, a unidade é mística. Cada crente unido a Cristo pela fé e todos formando uma união de crentes. Somente o poder de Deus é capaz de unir pessoas diferentes sem impor uma uniformização de ideias e sentimentos. A igreja deve ser mosaico, jardim, orquestra. Deus assim o quer.

Outra característica dessa dinâmica é a prática do que se crê. A unidade é, sobretudo, mística, mas se revela no “chão da igreja”; é construída no diálogo, na concessão, na tolerância, em ceder, em perder para ganhar. No meio batista, por exemplo, temos um exercício prático de unidade periodicamente. Numa assembleia deliberativa, pessoas discutem ideias (porque não devemos “discutir pessoas”).

E quando uma decisão é consensual, da maioria, a atitude de quem vota em contrário é assumir a decisão coletiva como sua. Assim, diferenças são superadas e não impedem a comunhão. Basta lembrar daquela história que poderia ter acontecido em qualquer igreja batista: o irmão que foi contra a compra de um ônibus para o transporte dos membros, depois de ser voto vencido, tornou-se o maior contribuinte para o projeto.

        Nosso coração continua aberto para experimentar a bênção da unidade, alvo da oração do Mestre. Ele escolheu ver a unidade, construiu a unidade em seu ministério, morreu e ressuscitou para tornar a unidade possível, e permanece presente na igreja para que a unidade seja mantida e sirva de testemunho diante do mundo dividido pelo Maligno.

Pr. Petrônio Borges Jr